Há 20 anos…verão de 2004… estava prestes a realizar um sonho escoteiro…
Tudo começou por ter aplicado os ensinamentos escoteiros de ajudar sempre ao próximo. Explico: Eu era professor temporário no departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Ao passar numa sala, vi um colega do departamento realizando reparos num equipamento, que depois, fiquei sabendo que era do Projeto Antártico. Ao ver o colega com dificuldades nas ligações elétricas e por possuir conhecimento na área, fiz algumas considerações técnicas e o ajudei a terminar o serviço, sem qualquer pretensão, apenas com o fito de ajudar um amigo.
Tal equipamento precisava ser instalado a bordo do navio de apoio à pesquisa antártica, NApOc Ary Rongel, que se encontrava atracado no 1º Distrito Naval da Marinha e meu colega me perguntou se eu teria disponibilidade te acompanha-lo ao Rio de Janeiro e ajuda-lo na instalação. De pronto disse sim. Ao retornarmos meu colega falou sobre mim para o chefe do projeto e isto resultou no convite para participar da Operação Antártica XXII a bordo do NApOc Ary Rongel por 27 dias. A pesquisa englobava diversas áreas e a que fiquei vinculado tratava de medições das características da água em várias profundidades em coordenadas mapeadas.
E acreditem, durante a expedição o equipamento apresentou problemas sendo necessária minha intervenção, salvando assim de comprometer ou até mesmo inviabilizar uma pesquisa de mais de 10 anos. Durante a expedição, tive várias experiências jamais pensadas que um dia viveria para ver tais, como: passar ao lado de Icebergs gigantescos, interagir com pinguins, focas e lobos marinhos, ver um Pôr-do-sol de duração de aproximadamente 6 horas – isso mesmo – devido à Latitude extrema não havia noite, apenas diminuía um pouco a luminosidade. No verão, o Sol ao se por desliza no horizonte por várias horas, sem nunca desaparecer, e torna a subir.
Durante a expedição o navio fundeia alguns dias na enseada da Base Antártica Comandante Ferraz, permitindo que todos desçam. Numa dessas oportunidades, um grupo de pesquisadores iria acampar na montanha nos fundos da base antártica e me convidaram. Como escoteiro, não poderia recusar um convite desses e então realizei outro sonho impensável – Acampar na Antártica. Foi uma experiência indescritível, mesmo com o frio ao dormir sobre um solo congelado somado à experiência de não poder fazer uma fogueira – não havia madeira para queimar – era só gelo e pedra. Mesmo assim, foi um momento épico na minha vida escoteira.
A bordo do Ary Rongel, pude exercitar os conhecimentos de navegação, sempre que possível estava no Tijupá acompanhando o comando do navio, fazendo as leituras radar e posicionamento por carta náutica. Fiz muitos amigos. Aprendi muitas coisas. Pus em prática vários ensinamentos escoteiros do mar. E tudo isso começou por estar Sempre Alerta para ajudar o próximo.
Marcelo M TEIXEIRA
Chefe Lobo Marinho
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