O Ano Escoteiro, na europa, assemelha-se ao calendário escolar que inicia em meados do segundo semestre, tendo um especial aproveitamento do tempo de férias de crianças, pré-adolescentes, adolescentes e jovens, para uma vivência mais intensa nas suas atividades, durante o período do verão.
Assim, na região de Braga (Portugal), organiza-se, anualmente, uma grande atividade, realizada por agrupamento, este engloba as quatro Seções (Alcateia, Tropas e o Clã).
Para esta atividade, que neste ano coincide com a tomada de posse da Junta Regional, eleita no passado dia 24 deste mês, para o triénio de 2017/2020, todos os escoteiros de Braga serão desafiados a viver uma aventura na cidade de Fafe, no domingo, dia 8 de outubro.
É claro que não estará presente a totalidade do efetivo de Braga, onde há 13.794 escoteiros, integrando 240 grupos, mas, se a tradição se mantiver, reunir-se-ão mais de 8 mil escuteiros, aproximadamente com 60% do efetivo regional.
O que leva uma massa, tão grande, de gente a uma atividade regional? – perguntar-nos-emos.
Antes de mais, a ato simbólico de fazer celebrar o início do ano escoteiro sob o signo da amizade o “Escoteiro é amigo de todos e irmão de todos os Escoteiros”, assim diz a Lei do Escoteiro. É o sentir da fraternidade escoteira, que o fundador designou como uma marca indelével, não só do escotismo nacional (de qualquer país), mas também do escotismo mundial.
É também sentir o pulso mobilizador do tema da pastoral da diocese de Braga que é “Despertar a Esperança”, e que se articula com o do Corpo Nacional de Escutas (CNE), que tem por tema “Viver com Maria”. O tema nos desafia a sentir a família e, nela e com ela, a abrir o nosso coração aos outros e à natureza deixando que a Esperança desperte e a todos envolva.
Não nos referimos à esperança comezinha do ter ou do possuir, mas sim à virtude teologal que aprendemos, quando crianças, na catequese e que procuramos apreender à medida que nos desenvolvemos.
É a Esperança, consagrada no nosso ditado popular: “a esperança é a última coisa que morre”, mas também saber que as maiores esperanças nascem nos contextos mais sombrios. Diz São Paulo que é precisamente a tribulação que forja a esperança: «A tribulação produz a paciência; a paciência, a firmeza; e a firmeza, a esperança» (Rm 5, 3-4). Isto pode acontecer na medida em que a esperança é animada pela audácia (presente), enraizada na história (passado) e marcada pela perseverança (futuro).[1]
Por isso, quando nos dias de hoje, vemos a violência e a desumanidade galopante, não podemos deixar que esta ambiente cruel nos roube a Esperança, tal como Abraão que contra toda a esperança acreditou que havia de tornar-se pai de muitas nações, como tinha sido anunciado: ‘Assim será a tua descendência’. Sem vacilar na fé […]. Perante a promessa de Deus, não se deixou abalar pela desconfiança, antes se fortaleceu na fé, dando glória a Deus, plenamente convencido de que Deus era capaz de cumprir o que tinha prometido» (Romanos 4, 18-21)[2].
Esta é a Esperança que, na Abertura do Ano Escoteiro do CNE, na Região de Braga. Que cada um dos participantes através da vivência do jogo escoteiro, descobrindo a cidade, as suas pessoas e os seus costumes, tal como a participação nas oficinas temáticas disponíveis e pela participação na oração dominical, que todos e cada um dos participantes tenha a oportunidade de plantar no seu coração, uma pequena semente de Esperança, da qual cultivará.
CARLOS ALBERTO PEREIRA é empresário e ex presidente nacional do CNE – Corpo Nacional de Escutas, Escotismo Católico Português – residente em Braga (Portugal). Escreve uma coluna quinzenal para o jornal ‘Correio do Minho’, sobre escotismo.
[1] Plano Pastoral da Diocese de Braga, p.3
[2] ibidem, p.9