De um tempo para cá tenho pensado muito no escotismo.
A transformação do movimento é tão grande que a cada dia que passa precisamos nos aproximar ainda mais dos princípios, objetivos e do método criado por B P.
Não é que, em momento algum, acredite que o escotismo não tenha que se atualizar. O programa deve sim ser contemplado com temas e situações atuais, mas sem perder o sentido de MEIO para se chegar ao objetivo comum, que é a formação harmônica de nossos jovens. A nossa característica principal está no MÉTODO que tem tido modificações significativas mesmo depois de ser consagrado como perfeito, e consequentemente superando a marca de 100 anos de exitosa aplicação.
Poucos ou quase nenhum método educacional durante tanto tempo sobreviveu. O escotismo enfrentou duas guerras mundiais, transformações de nações e mudanças sociais de extremo radicalismo e mesmo assim ele continuou a encantar as crianças e os jovens.
Será que estamos formando novos adultos para que tenham sucesso nas suas atividades com os jovens? Estamos ainda comemorando o centenário de criação dos cursos em Gilwell, e merece uma reflexão, quanto estamos aplicando os ensinamentos oriundos desse centro inspirado nos ensinamentos do fundador? Será que sabemos mais escotismo do que seu criador?
Será que é valido para algumas pessoas usarem o lenço do Grupo em que BP é o chefe? Ou é usado como condecoração, como uma medalha da padroeira? A IM representa um esforço, mas o lenço significa uma adesão incondicional aos princípios e métodos do escotismo.
O grande sucesso de expansão do escotismo pelo mundo se deveu principalmente à liberdade de se adaptar a aplicação do mesmo (sem fugir dos princípios fundamentais) respeitando-se as características de cada nação.
A padronização de procedimentos em nível internacional trata os países membros como iguais sem levar em conta, cultura, aspectos sociológicos e quando aceita pelos seus dirigentes sem a necessária consulta às bases.
Enquanto o Livro “Escotismo para Rapazes” for a bussola que guia o escotismo teremos sim uma padronização de atitudes inspiradas nos textos desse que é um dos livros mais traduzidos do mundo.
Essas padronizações de procedimentos foram marcadas em especial pelo sentido de fraternidade que foi implementado pela convivência inicial e fraterna entre grupos escoteiros vizinhos, ampliadas por atividades em vários níveis.
Creio que nossa maior mudança aconteceu quando, em nível internacional, deixamos de ter um escritório-de-apoio para nos transformarmos em Organização que aspira a padronização completa.
Enquanto escritório-de-apoio, a maior preocupação estava em se preservar e estimular e difundir a forma correta de praticar escotismo respeitando as peculiaridades nacionais.
Gilwell foi durante muitas décadas o centro irradiador das normas de como se fazer a formação de adultos dentro de parâmetros aceitáveis por todas as culturas, crenças e modos de vida. Norteava o programa e como desenvolver os cursos, mantendo a unidade do escotismo em todo o mundo.
Os trabalhos desenvolvidos em Gilwell através das publicações “Gilcraft”, em sua grande maioria, foram compostos com a participação de vários Escotistas distribuído em mais diversas nações.
O que mais me estranha é a permanência no escotismo de pessoas que discordam de como o escotismo foi pautado. Acham que seu método está ultrapassado, e modificações devem ser feitas. E ainda permanecem abrigadas pelo manto respeitável do movimento. Por que não criam uma entidade e depois de 100 anos venham informar de seu sucesso?
Nossa estrutura administrativa está mais voltada à gestão do que à prática de bom escotismo. Raras são as facilidades oferecidas aos Escotistas para que possam melhorar suas atuações em benefício dos jovens.
Um dos fatores importantes a serem estudados e modificados em diversos níveis, é a estruturação de maneira em que 100 mil estejam representados por apenas 10.
A literatura oferecida deve falar das bases oferecidas pelo fundador: Escotismo para Rapazes – Guia do Lobinho – Caminho para o Sucesso – Guia do Chefe Escoteiro e todas as outras publicadas pela coleção Gilcraft, que sequer foram traduzidas.
Não quero ser “Pitonisa” e tão pouco “Arauto do Apocalipse”, mas é necessário seguir o caminho da manutenção da essência principal, da linha mestra do fundador, que deve ser conhecida, estudada e reverenciada por todos, para ter vida longa.
Mesmo com dificuldades o escotismo permanecerá sempre dentro dos Grupos Escoteiros e nas ações isoladas e como fênix, renascerá das cinzas, porque o cerne do maior sistema educacional para jovens permanece vivo dentro daqueles que o entenderam como movimento e não como organização para adultos.
Parafraseando um chavão: “O Escotismo autêntico, está acima de tudo e BP permanece acima dos outros educadores, sendo a nossa linha mestra”
Em uma tarde chuvosa de janeiro de 2021
Luiz Carlos Gabriel
Promessa escoteira como Lobinho no dia 18 de abril de 1947
Tapir de Prata
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