Para facilitar nossa conversa vamos inicialmente conceituar o termo colaborador, dividindo em dois grupos: pessoas do Movimento Escoteiro (Assistentes, Comissários, Dirigentes etc.) e pessoas não comprometidas diretamente com o Escotismo (pais, parentes, amigos, membros de outras instituições de Servir etc.). Dito isso, vamos abordar preferencialmente o pessoal com Promessa, principalmente nossos Assistentes e Dirigentes. É um hábito comum acharmos que eles, por já estarem engajados no Escotismo, têm obrigação de fazer tudo o que for preciso, imunes a mágoas e aborrecimentos.
Esquecemos que eles também precisam, tanto quanto nós, do combustível que nos impulsiona a trabalhar como voluntário, que é a motivação! E eles, precisam ainda mais do que nós, pois geralmente tem menos tempo de Movimento, não estando ainda completamente comprometidos.
Uma pesquisa na área de gestão publicou um trabalho afirmando que mais de 50% dos Gestores achavam que reconheciam com eficiência e o suficiente, o trabalho de seus colaboradores, contudo, na mesma pesquisa, 15 % dos colaboradores achavam que não estavam sendo reconhecidos como gostariam. Isso se tratando de pessoas remuneradas. Aplicando-se a voluntários, a diferença deve ser ainda maior.
Naturalmente, essa diferença de opinião produz uma insatisfação e pode resultar em baixa produtividade, fato este que, no trabalho voluntário com crianças e jovens, pode tornar-se ineficiente, entrando para a rotina e produzindo evasão.
Se o líder pratica atos inadequados de relacionamento, como chamar à atenção de seus Assistentes na presença de outros, age com prepotência, toma decisões sozinho, usa seus assistentes apenas como “pegador de bolas”, não os envolve na montagem dos programas de reuniões e atividades externas e, principalmente, não demonstra interesse no crescimento pessoal de cada um, estará decretando o fim de uma equipe de trabalho. Estará disseminando o descontentamento e municiando o sentimento de que estão perdendo tempo, podendo estar aproveitando esse tempo em casa com a família, fazendo coisas mais úteis ou mesmo descansando.
O reconhecimento, mesmo simples como um “tapinha nas costas” seguido de um ”muito bom o seu trabalho” tem um efeito potencializador, renovando as forças e fazendo com que a pessoa sinta-se bem. Elogios devem ser feitos em público, e principalmente na frente de seus jovens. Valoriza e qualifica a pessoa, pois é normal que se guarde na memória por mais tempo, uma crítica do que um elogio.
O Chefe deve estar atento à progressão de seus Assistentes. Indicá-los aos cursos, verificar os anos de bons serviços, a gratidão pelo trabalho além do comum. Se for o caso para a outorga de alguma medalha, deve comunicar a secretaria do Grupo para que faça a solicitação. São pequenos atos que fortalecem o indivíduo e o mantém motivado, consolidando o amor pelo Grupo Escoteiro e a amizade franca e leal com seus amigos. Todos se sentem bem quando seu trabalho é reconhecido! E isso deve acontecer de tempos em tempos, demonstrando interesse e carinho com seus Chefes.
Não seja igual aquele Chefe que argumentava: “Não tenho jeito para isso. Se eu não falo nada é porque está em ordem”! Este Dirigente era conhecido pelo mau humor, e apontado como “o homem das broncas”, tendo perdido vários Chefes por seus atos inadequados. Substitua sempre a bronca pela conversação. É menos estressante para todos!
Palavras de encorajamento e apreço elevam o espírito, como também estimulam as pessoas a se dedicarem com mais empenho e entusiasmo. Não devemos usar palavras para manipular o comportamento de outras pessoas, mas é correto procurar inspirá-las a alcançar maiores realizações, através do reconhecimento de um bom trabalho, desde que seja realmente meritório.
Muitas vezes um simples elogio pode contribuir para reerguer uma situação negativa que está acontecendo em sua vida particular, que nem mesmo era conhecida pelos amigos. São responsáveis pelos elogios os Dirigentes e Escotistas cuja nomeação ou eleição os colocam na liderança. Mas no dia a dia e na rotina de uma Seção ou da Administração do Grupo, caberá aquele que coordena a tarefa.
Caso seu Grupo, por excesso de trabalho ou simples esquecimento, está negligenciando este importante procedimento, procure em uma reunião de Escotistas ou de Diretoria, levar o assunto à pauta. Se algum dos membros já faz jus ao reconhecimento através da outorga de uma medalha, não deixe passar a ocasião de homenageá-lo.
Ser voluntário nos dias atuais, nos quais a luta pela sobrevivência é fundamental, encontrarmos pessoas com o perfil adequado para lidar com jovens, está se tornando cada vez mais difícil e quando encontradas, devem ser reconhecidas.
Mas, em contra partida, não podemos simplesmente aceitar qualquer um que, sem motivo aparente, deseje ser um Chefe Escoteiro. Este indivíduo, com o seu conhecimento e autorização, deve ser pesquisado em sua vida particular. Se nada for encontrado que o desabone, será aceito a título de experiência, como “estagiário” participando da vida da Seção para ser mais bem conhecido.
Nunca aceite em seu Grupo uma pessoa que paire dúvidas sobre sua pessoa, mesmo que a falta de Escotistas seja premente. Na dúvida, sempre proteja o jovem!
Existem Grupos que praticam uma eficiente forma de reconhecimento: Fazem um “Livro de Gratidão”, em que é registrado o nome da pessoa que fez algum ato pelo Grupo que mereça destaque, mas que ainda é cedo para ser indicado à UEB para a outorga de um Diploma de Gratidão ou Medalha. No alto da folha (que é numerada) coloca-se o nome do homenageado e, a seguir, descreve-se a razão desta homenagem. Uma pessoa por folha!
Imprime-se o “Diploma de Gratidão” do próprio Grupo, hoje tão fácil com o advento da informática, usando-se um programa já existente. Cria-se um carimbo “oficializando” o Diploma, constando o número de ordem (número da folha do livro) e a data da entrega. É assinado pelo Diretor Presidente do Grupo e pelo Diretor Técnico! Uma singela homenagem àqueles que auxiliam o Grupo Escoteiro. Se assim o fizerem, seguimos o caminho natural: Diploma de Gratidão do Grupo, Diploma de Mérito Regional e Medalha de Gratidão, nos três níveis bronze, prata e ouro!
O reconhecimento é ato fundamental para o bom relacionamento!
ELMER PESSOA é dirigente do 55º Grupo Escoteiro Morvan Dias Figueiredo, de Santos (SP).
Você precisa fazer login para comentar.