Quantas vezes não ouvimos falar que o Escotismo é um movimento feito por jovens? No entanto desafio você a uma rápida reflexão:
Dentro do seu grupo ou na UEB, os jovens fazem parte da construção do escotismo que é oferecido a eles, ou apenas são meros expectadores e participantes do que é criado por outros?
A questão do Empoderamento Juvenil nos nossos processos decisórios tem estado na agenda global do movimento há mais de 20 anos, sendo hoje uma das prioridades máximas do Plano Estratégico Mundial Escoteiro.
Mas afinal, além do bonito nome, o que isso significa?
“Empoderamento jovem é o processo que assegura aos jovens o direito a voz nas decisões que afetam suas vidas. Este processo cria oportunidades voluntárias para que os jovens sejam parte das mudanças e decisões tomadas em suas comunidades” (National Council for Voluntary Youth Services)
A presença do adulto é primordial para aplicar o Metódo com qualidade e gerenciar o projeto educacional, mas quando práticas democráticas são estimuladas para que o jovem tome pra si a gestão do movimento, ele se envolve muito mais. Estou falando dele deixar de ser um agente passivo do programa que recebe, para ser parte da construção da educação.
Na década de 80 percebeu-se que o escotismo mundial não estava alcançando a aderência que deveria. O motivo detectado foi que não se estava acompanhando as rápidas mudanças da sociedade. Buscou-se entender a causa disso e a conclusão foi a de que sempre quem tomava as decisões não eram jovens, na prática o que acontecia eram pessoas capacitadas, mas decidindo baseados em fatores muito distantes da real vivência e gostos da juventude.
Aqui no Brasil, para tentar reverter essa situação, foi criada a Rede de Jovens Líderes no ano de 2001, transformando-se na ferramenta oficial de incentivo à participação dos que tem de 18 a 26 anos, sejam pioneiros, escotistas ou dirigentes, nos espaços de tomada de decisão do movimento – Empoderando-os, através de 3 pilares:
1 – No grupo: Através da participação em diretorias de grupos, sendo delegados, participando do planejamento anual, na formulação de atividades, criação de um canal para que todos sejam consultados sobre os rumos do grupo, levando inovações, etc.
2 – Na Organização Escoteira: Estando envolvidos em diretorias a nível regional, nacional ou internacional, participando da elaboração de eventos, planejamentos, grupos de trabalho, comissões, se candidatando para ser um representante, se envolvendo nos fóruns e em discussões importantes para o destino do escotismo, etc…
3 – Sociedade: com a promoção de iniciativas de ação e desenvolvimento comunitário.
A proposta não é só termos jovens nos espaços decisórios, a mescla é sempre o melhor ponto, mas para que isso aconteça é preciso dar abertura, qualificação e fazer com que os jovens sintam vontade de abraçar a causa – e isso vem desde cedo naquele jogo democrático bem feito, em um sistema de patrulhas eficiente e em um chefe que buscava ativamente ouvir críticas e sugestões dos jovens sobre as reuniões que aplicava.
Incentive o jovem não a ser o escotista do futuro, mas o melhor escoteiro desde hoje. Não diga que ele não pode assumir riscos e responsabilidades por não ter experiência, se não for dada uma primeira vez, ele nunca terá, independente da idade. Então que comece desde já!
DANIEL SANTIAGO é Comunicador da Rede de Jovens Líderes do Rio de Janeiro, Diretor Administrativo do 97 G.E. Impeesa (RJ) e estudante de administração de empresas.