05 de Junho – Dia Mundial do Meio Ambiente
“O Escotismo legitimou a Natureza como o centro da minha vida.”
(Edward O. Wilson)
O ESCOTEIRO É BOM PARA OS ANIMAIS E AS PLANTAS: este é um dos dez artigos da Lei escoteira e um dos pilares do que é ser Escoteiro. Desde a sua criação em 1907, o Escotismo dá aos jovens a oportunidade de conhecer e valorizar o meio ambiente, bem como o que deve ser feito para conservá-lo. Como complemento à educação da escola e da família, o Movimento Escoteiro oferece aos jovens do século XXI a oportunidade de vivenciar a Natureza. Nas palavras de Baden-Powell, “ar livre é o objetivo verdadeiro do Escotismo e a chave para o seu sucesso” (Guia do Chefe Escoteiro).
Ainda segundo Baden-Powell, “ar livre é, por excelência, a escola da observação e compreensão das maravilhas deste grandioso universo. Ele abre o espírito, habituando-nos a apreciar a beleza que está diariamente diante de nossos olhos e não vemos. Ele revela aos jovens da cidade esse mundo de estrelas que se escondem atrás dos arranha-céus e que as luzes da cidade e a fumaça das fábricas não permitem admirar (…). O estudo da natureza engloba, em um conjunto harmonioso, todas as questões e problemas do infinito, do mundo macro e microscópico e de sua história, tudo como parte integrante da maravilhosa obra do Criador” (Guia do Chefe Escoteiro).
Edward O. Wilson, Professor da Universidade de Harvard, famoso e premiado cientista, considerado um dos maiores ambientalistas do mundo, disse, em sua autobiografia “Naturalista”, que “o Escotismo parecia inventado exatamente para mim”. “O Manual para Escoteiros, que comprei por meio dólar em 1940, tornou-se a minha posse mais querida”. O Manual estava cheio de informações sobre a vida ao ar livre, mas o que realmente chamou a atenção de Wilson foram as seções sobre zoologia e botânica com “páginas e mais páginas de animais e plantas maravilhosamente bem ilustradas, explicando onde encontrá-los, como identificá-los”. “As escolas públicas e a igreja não ofereciam nada disso”, continuou. “O Escotismo legitimou a Natureza como o centro da minha vida.”
Em 2017, na 41ª Conferência Escoteira Mundial do Azerbaijão, a Natureza teve a sua importância ainda mais destacada quando se decidiu que deve ser um elemento específico do Método Escoteiro, da mesma forma que a Promessa e a Lei Escoteira, o Aprender Fazendo, a Progressão Pessoal, o Sistema de Equipe, o Apoio do Adulto, o Marco Simbólico e a Participação Comunitária, os quais compõem os oito elementos do novo texto do Método Escoteiro.
No âmbito da União dos Escoteiros do Brasil, por ora, ainda mantemos o Método Escoteiro com os seguintes cinco elementos: (i) Aceitação da Promessa e da Lei Escoteira; (ii) Aprender fazendo; (iii) Vida em equipe; (iv) Atividades progressivas, atraentes e variadas e (v) Desenvolvimento pessoal com orientação individual, estando a Natureza (Vida ao ar livre e em contato com a natureza) incluída naquele quarto ponto (Atividades progressivas, atraentes e variadas), que também compreende Jogos; Habilidades e técnicas úteis, estimuladas por um sistema de distintivos; Interação com a comunidade; e Mística e ambiente fraterno.
As oportunidades de aprendizagem na vida ao ar livre proporcionam ao jovem uma compreensão melhor e mais ampla da sua relação com o mundo à sua volta.
Devido às imensas possibilidades que a Natureza oferece para o desenvolvimento dos potenciais físicos, intelectuais, afetivos, sociais e espirituais do jovem, ela proporciona o cenário ideal para que se possa aplicar o Método Escoteiro. A maioria das oportunidades de aprendizagem deve permitir aos Escoteiros que estejam em contato direto com a Natureza, seja em ambientes urbanos ou rurais.
A Natureza, como elemento do Método Escoteiro, implica mais do que atividades realizadas ao Ar Livre. Implica no desenvolvimento de um contato construtivo com o Meio Ambiente, fazendo o uso pleno de todas as oportunidades de aprendizagem proporcionadas pelo mundo natural para contribuir com o desenvolvimento dos jovens.
Como um Movimento que conta hoje com mais de 50 milhões de membros ao redor do mundo e que tem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como um guia fundamental de suas ações estratégicas, o Escotismo leva muito a sério a sua responsabilidade para com a vida e a saúde do Planeta Terra e, por meio do seu programa educativo, busca contribuir com a mitigação dos efeitos humanos sobre o clima e a biodiversidade, em especial com os seis ODS relacionados com a questão ambiental:
ODS 6 – Água Potável e Saneamento
ODS 7 – Energia acessível e limpa
ODS 12 – Consumo e Produção responsáveis
ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima
ODS 14 – Vida na água
ODS 15 – Vida terrestre
Reconhecendo a contribuição positiva do Escotismo para o meio ambiente, o PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o WWF – World Wildlife Foundation mantêm parcerias com a Organização Mundial do Movimento Escoteiro e a União dos Escoteiros do Brasil em âmbitos mundial e nacional, respectivamente.
Dentro de um extenso programa de atividades, os Escoteiros são constantemente incentivados a conservar o meio ambiente e a passar essa consciência da conservação ambiental à comunidade, seja por meio do que é conhecido como a Insígnia Mundial de Meio Ambiente, uma insígnia que reconhece os esforços do Escoteiro que realiza atividades de cunho prático para auxiliar na conservação dos recursos naturais e inibição de processos de comercialização e extinção da fauna silvestre, na divulgação da importância do combate às mudanças climáticas e do uso de fontes de energia renovável e limpa, seja por meio das chamadas especialidades, entre elas as de Ciências da Terra, Criação de Animais de Estimação, Horticultura, Jardinagem, Meliponicultura, Oceanologia, Ornitologia, Plantas Medicinais, Reciclagem, Saneamento Ambiental, Zoobotânica, seja pela Insígnia Mares Limpos, que visa conscientizar os jovens acerca da importância dos oceanos para a vida na Terra e da redução do consumo de plásticos descartáveis, ou ainda por meio de atividades programadas como os mutirões nacionais ecológicos (MutEcos), atividade anual que incentiva ações que vão desde a limpeza de rios e praias, passando por ações de reciclagem de lixo e plantio de árvores, até a sensibilização da comunidade com respeito à importância da causa ecológica para o futuro do planeta.
Cada Grupo Escoteiro (mais de mil e quinhentos no país) é estimulado a desenvolver atividades de conservação do meio ambiente na sua comunidade, seja no campo ou na cidade, para que essas atividades sejam relevantes localmente promovendo assim um impacto positivo global. Dessa forma, tanto o jovem aprende a importância e a responsabilidade das suas ações em um contexto local e global, quanto contribui para sociedade como um todo, ajudando a que o meio ambiente seja defendido e preservado para as presentes e futuras gerações.
*Rubem Tadeu Cordeiro Perlingeiro é membro do Comitê Escoteiro Interamericano e associado do Centro Cultural do Movimento Escoteiro.
** Artigo originalmente publicado no site da União dos Escoteiros do Brasil (www.escoteiros.org.br) em 05 de junho de 2019 e atualizado para esta publicação.
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