RETORNOU AO GRANDE ACAMPAMENTO “Mestre André”, o RAPOSA SILENCIOSA.
“Antes da hora não é hora, depois da hora não é hora. Hora é hora!” – essa era a frase famosa repetida pelo mestre André em cursos e eventos escoteiros onde ele participava com grande afinco. Exigência, responsabilidade e humor, eram características que definiam perfeitamente André Pereira Leite, que tinha seu apelido escoteiro por “Raposa Silenciosa”, como definiu Luiz Paulo Carneiro Maia em um texto biográfico onde retratou nosso querido chefe.
Nascido em 22/02/1918, mesmo dia que BP, viveu em parte de sua infância e adolescência na França, onde ingressou no Escotismo aos 14 anos, em 29/04/32, atingindo o nível de “Chevalier de France”, equivalente ao nosso Escoteiro da Pátria. Em 1935 retornou ao Brasil onde formou-se em Engenharia na Universidade do Brasil (atual UFRJ) e casou-se com Da Léa, sendo pai de Sergio, Marcos e Leonardo, família que ele dizia com orgulho ter educado nos princípios do escotismo.
No Brasil entrou no escotismo na Tropa da Igreja de Santa Terezinha, da Federação Carioca de Escoteiros, sendo Chefe de uma Tropa de Escoteiros do Ar no grupo básico, atuando também como Chefe de Grupo até 1941. Convocado para o Exército, motivo pelo qual recebeu uma Medalha de Guerra, deu baixa em 1942. Em 1949 retornou ao escotismo como Assistente no Grupo de Escoteiros do Ar Inácio de Loyola, mas, em 22/02/1960 fundou o 121º Grupo Escoteiro do Ar Léo Borges Fortes. Em 1962 recebeu a IM Ramo Escoteiro e foi nomeado Assistente Regional para o Ramo Sênior. Em 1964 fez parte da comissão organizadora do I Jamboree Panamericano que ocorreu em 1965. Participou de grandes atividades tais como o I Ajuri Escoteiro na Quinta da Boa Vista (1939), Conferências Inter-Americanas de Escotismo (1976, 1980, 1984, 1986), Conferências Mundiais de Escotismo (Canadá-1977, Alemanha-1985), Reuniões do Conselho/Assembléia Nacional da UEB. Foi Escoteiro-Chefe da União dos Escoteiros do Brasil
Se destacou na Equipe de Formação sendo que o primeiro curso que dirigiu foi um Curso Técnico de Topografia, o qual repetiu por muitas vezes sendo o último em 1994 na UEB-RJ. Depois planejou e dirigiu o 1º CAB Sênior volante durante um final de semana na Floresta da Tijuca dormindo ao ar livre no Pico da Tijuca. Durante a caminhada de ida e volta eram feitas paradas para serem dadas as palestras e atividades pertinentes. Em 1965 foi nomeado ADCC e eleito Escoteiro-Chefe da UEB. IM Sênior em 1969, DCC em 1970, Membro do CIE em 1974, Diretor (Comissário Nacional) de Adestramento em vários períodos (1974/1978, 1980/1982, 1988/1991). Dirigiu inúmeros cursos da IM e também Cursos de Adestradores, conhecidos como TTT, ITTT, CNA, CA-I e CA-II. Adestrador Emérito da UEB em 1992. Durante sua gestão como Comissário Nacional de Adestramento (vários períodos, cerca de 10 anos) foram escritos TODOS os Manuais de Cursos de todos os níveis, fato inédito até então e que proporcionou uma uniformidade de procedimentos quanto ao Adestramento a nível nacional. Visando dar apoio aos Formadores, André se responsabilizou pela redação e publicação do boletim “Saber e Agir” que passava orientações aos membros da Equipe de Formação. Uma atividade que foi difundida de forma correta e proveitosa nos cursos da Insígnia de Madeira era a palestra sobre a arte da Cozinha Mateira. Esse assunto era até então apresentado de forma muito teórica e improvisada. André através de demonstrações objetivas conseguiu motivar vários chefes que implantaram corretamente a Comida Mateira em suas Tropas para a alegria e aperfeiçoamento da garotada. Dirigiu grande número de cursos CABs, CIMs, CNA, CIA a maioria no Campo Escoteiro de Magé e foi reconhecido como Adestrador Emérito da UEB em 1992. Ainda no começo dos ano 2000 atuava como assessor pessoal de formação, em equipe de cursos e era bem metódico para passar leituras, discuti-las com seus assessorados em sua residência – sempre observado pela esposa Dnª Léa – contando como eram suas atividades ao ar livre quando a frente de uma seção e como conseguia ter uma equipe de apoio dos pais bastante atuante para socorros e outras providências além de passar muitas apostilas sobre temas escoteiros para que os assessorados fizessem cópias, como conta Andre Torricelli, um de seus últimos assessorados antes de se aposentar definitivamente dessa função.
Recebeu as Medalhas de Bons Serviços Ouro (1965), Tiradentes (1977), Tapir de Prata (1982), Cruz de São Jorge (1984), Velho Lobo, Conquistou a IM Escoteira e a IM Sênior (1969) e participou também de um TTT (Training The Team).
Nunca gostou de perder tempo sendo sempre direto e metódico em seus afazeres. Por isso muitas vezes dava a impressão de que estava irritado ou desconfortável, mas era somente seu estilo de comportamento pois na realidade queria trazer foco para a situação e, rindo, dizia “Vamos trabalhar! Vamos trabalhar!”. Foi associado do CCME por longos anos.
Faleceu na dia 8 de novembro de 2016, sendo velado na manhã do dia 9, no Memorial do Carmo, Capela 5, no Cajú. Estiveram presentes a cerimonia fúnebre representando o escotismo Rubem Tadeu e André Carreira (UEB-RJ), Lúcia Cordeiro (75ºGEAR), Andre Torricelli (CCME) e Renato Conde (29ºGE).
*Artigo feito pelo CCME com base em relatos de Luiz Paulo Carneiro Maia, Antonio Uchoa Boulanger, Andre Torricelli F. da Rosa e familiares.
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